A ação do diretor ou diretora mostra-se fundamental, igualmente, na constituição de rede de relações e ações que constitui o tecido socioinstitucional no qual o aluno se insere”.
Trecho do texto “O Diretor na Instituição”
Revista Idéias nº 12 1992
Pensar o papel da/o diretora/or como quem implementa a política educacional na escola exige extrapolar a concepção desses profissionais como meros administradores da burocracia inerente à rotina escolar.
Afinal se seu papel é articular as condições para que a política pública ganhe vida e sentido na escola, não há como ela/ele tomar decisões sem considerar as intenções e implicações para as aprendizagens, seja ao comprar acervo (escolhendo livros e materiais coerentes com a proposta pedagógica e discutidos com a equipe), seja para organizar uma reunião de mães, pais e pessoa responsável.
São elas/es que lideram a equipe escolar, estabelecem diálogos com as famílias e a comunidade; e articulam as condições físicas e administrativas para a organização dos espaços, materiais e tempos das/os estudantes dentro da escola, dentre outras atuações que contribuem para a criação de um ambiente que seja, de fato, favorável à aprendizagem de todas as pessoas e ao convívio democrático, em alinhamento com os princípios básicos do sistema educacional do país.
E isso se reflete nas formações da frente de gestão do Projeto Trilhos da Alfabetização – uma iniciativa da Fundação Vale, com parceria técnica da Roda Educativa, que atende o município de Itaguaí/RJ, desde 2022, e os municípios de Catas Altas, Santa Bárbara e Rio Piracicaba em Minas Gerais, em 2024.
Nos encontros formativos realizados no primeiro semestre deste ano em Itaguaí as/os diretoras/es refletiram sobre o percurso formativo desde 2022 e a articulação com as/os coordenadoras/es pedagógicas/os nos processos de acompanhamento das aprendizagens. Já em MG, inauguramos o programa refletindo sobre as práticas e rotinas das/os diretoras/es e as dimensões da gestão.
“Entendemos que o papel do diretor escolar é fundamental na garantia do direito à aprendizagem dos estudantes. Por isso, as ações do Trilhos da Alfabetização buscam ampliar a reflexão sobre o seu papel de articulador que precisa estar em constante diálogo com as famílias e com o território, proporcionando um ambiente de aprendizagem democrático e acolhedor para os estudantes”, enfatiza a analista de responsabilidade social da Fundação Vale, Andreia Prestes
Com a palavra, algumas das diretoras que participaram com a gente
“As formações são muito reflexivas. É um momento em que eu me vejo ‘do lado de fora’, olhando para mim realizando o meu trabalho. Além de registrar aquilo que está sendo falado ali, eu também reflito e sinalizo, nas minhas anotações, o que eu posso melhorar. Uma reflexão mesmo de todo o meu trabalho. Eu aprendo muito.”
Ilma Pereira de Mello
diretora da EM Elmo Baptista Coelho, Itaguaí/RJ
“Saio da formação muito reflexiva sobre os espaços da escola. O que ele revela, em especial, sobre a gestão escolar? Ela me fez refletir sobre a escuta de toda a equipe e a construção de alternativas com mais qualidade e participação. Eu já tenho essa prática, mas podemos avançar e refletir sobre a equipe multidisciplinar que temos para nos apoiar. Esse encontro nos acordou sobre o nosso papel. E como vamos efetivar isso? Trocando, nos formando, dialogando e articulando a rede. A formação fortalece demais os diretores.
Sonia Maria de Sá Oliveira Santos
diretora da Escola Municipal João XXIII, Catas Altas/MG
“No passado já havíamos vivenciado um processo muito positivo com a Fundação Vale e a Roda Educativa. Sabemos da importância da formação em continuidade de forma sistemática e não apenas teórica, mas olhando para a realidade da nossa escola. Ser gestor escolar exige muita reflexão e a formação inicial nos oferece uma base, mas precisamos de uma formação em contexto de trabalho e olhando para nossas práticas.”
Alba Valéria Aparecida Pitombeira
diretora da Escola Municipal Murillo Garcia Moreira, Rio Piracicaba/MG
“Eu tenho uma experiência de 9 anos como professora na rede e a gestão é uma novidade para mim: estou há um ano no cargo. Na sala de aula, a gente só tem contato com os alunos e agora é com toda a equipe da escola. É bem diferente! Então, a formação vai me apoiar para lidar com os novos desafios e fortalecer a equipe gestora. Saio muito focada em aprimorar o meu planejamento e estar mais próxima da equipe e dos estudantes de cada uma das escolas. Não é só o tempo de presença, é a qualidade e a intencionalidade.”
Fernanda Paula Nogueira
diretora das escolas municipais do campo, Santa Bárbara/MG