As vivências artísticas permitem o compartilhamento de experiências pessoais e abrem caminho para o diálogo sobre a prática profissional em uma perspectiva mais construtiva. Essa foi a ideia por trás das oficinas ministradas pela Roda Educativa, em parceria com o Instituto Motriz, para gestoras/es escolares da rede municipal de Porto Alegre/RS, no final do ano passado.
“O propósito era que os participantes vivenciassem diferentes experiências artísticas: colagem, poemas e cinema para criação de uma nova narrativa a partir das suas vivências pessoais como gestores escolares. Por meio da experimentação, fruição artística, escuta e leitura, as oficinas proporcionaram diferentes formas de ver o mundo e de expressão que nos permitem acessar diversas emoções e sentimentos”, explica a diretora-executiva da Roda Roberta Panico.
As três oficinas – colagem, leitura e sessão de música e cinema – foram ministradas por coordenadoras pedagógicas da Roda e possibilitaram às/aos participantes um momento muito potente de discussão, a partir de uma mesma experiência, considerando o ponto de vista de cada uma/um. Isso resultou, dentre outros, no fortalecimento da interação e articulação com foco no reconhecimento e pertencimento de um grupo de profissionais da Educação; mobilização da expressão e comunicação pessoal; ampliação do espaço de escuta do grupo consolidando a cultura da conversa; compreensão da diversidade de valores que orientam tanto os próprios modos de pensar e agir como os da sociedade; o entendimento da riqueza e diversidade da imaginação humana e o desenvolvimento da capacidade de perceber sua realidade cotidiana mais vivamente, reconhecendo e decodificando formas, sons, gestos e movimentos que estão à sua volta.
A Roda Educativa concebe, implementa e acompanha projetos de formação continuada em todo o país, com diferentes parceiros, mas também oferece cursos, por meio da plataforma Roda Cursos, e realiza ações pontuais como palestras e oficinas ministradas pelas nossas especialistas.
A potência das artes
A oficina de colagem – em parceria e individual – foi ministrada por Márcia Cristina em dois grupos, cada um com aproximadamente 40 participantes distribuídas/os em três grandes mesas. “A concentração nas produções era entremeada com risos, empréstimos de revistas e pessoas levantando para apreciar as colagens dos colegas. Ao encerrarmos cada uma das atividades e abrirmos para os comentários, foram várias as relações que elas e eles fizeram com o exercício da gestão. O fazer artístico da colagem é generoso, pois qualquer ‘erro’ pode ser revisto e aproveitado nas produções e isso é muito atrativo até mesmo para quem ‘não se acha talentoso para as artes’. Desta forma, os grupos foram fazendo as colagens, apresentando-as aos colegas de forma orgulhosa e divertida. Nas avaliações, o destaque foi a ‘leveza’ e a ‘alegria’ em estar nas turmas dessa oficina. E outro aspecto muito tocante é que as colagens dos grupos ficaram lindas, coloridas e muito expressivas”, conta ela.
Fátima Fonseca ficou responsável pela oficina literária. “Eu fiz uma leitura do livro ‘Doçura’, de Emília Nuñez e Anna Cunha, acompanhada de uma discussão sobre o lugar da literatura. Aqui já surgiram falas muito potentes dos diretores. Já em um segundo momento, falei um pouco sobre poesia, li e fiz uma mesa com vários poemas para eles escolherem. Depois da escolha e sem saber como seria essa sequência, eles tiveram que procurar os colegas que haviam escolhido o mesmo texto para uma apresentação. Pra mim, o destaque da proposta foi essa junção com os colegas e eles entraram muito no clima e fizeram apresentações muito legais”, destaca.
Nomeada como Oficina Tecendo a ConVivência, a sessão de música e cinema ficou por conta de Maura Barbosa. “A equipe responsável pelo encontro acolheu a todos com falas amistosas, cordiais, de forma que o grupo pudesse ir compreendendo o sentido de estarmos juntos, neste lugar e poder vivenciar experiências incríveis. Em seguida, foi apresentada a música ‘Tico Tico no Fubá’, representada pela NEOJIBA – Orquestra Juvenil da Bahia e para o fechamento deste primeiro momento, cantamos ‘Canto de Um Povo de Um Lugar’, de Caetano Veloso”.
Para o segundo momento do dia, voltado para a sessão de cinema, o título escolhido foi “Bagdad Café”. “Foi realizada a apresentação da sinopse e os participantes foram convidados a ler sobre a importância de se assistir filmes. Conversamos, antes da exibição, sobre o ritmo da produção, do ano de lançamento 1987. Um filme cult, emblemático, do tipo gosta ou detesta, com fotografia majestosa, interpretações muito realistas e um enredo atemporal. Também pedi que eles ficassem atentos sobre o lugar que o outro ocupa num território desconhecido. Ao final, mesmo com um tempo mais reduzido para o desenvolvimento de uma roda de conversa, foi possível ouvir algumas falas que confirmam a potência desta experiência coletiva, onde as considerações individuais contribuem e enriquecem a construção cultural vivenciada em conjunto”, finaliza Maura.