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Foto de documentos encadernados sobre uma mesa. Na capa, há a foto de crianças e o texto "Documento norteador para práticas de leituras na Educação Infantil".
09/10/2024

Potim e Redenção da Serra asseguram formação leitora no PPP

Foto de documentos encadernados sobre uma mesa. Na capa, há a foto de crianças e o texto "Documento norteador para práticas de leituras na Educação Infantil".

Entrando na reta final de um intenso percurso formativo de dois anos, chegou a hora de as equipes de Educação Infantil de Potim e Redenção da Serra – municípios que participam do Projeto Pequenos Leitores – registrarem suas concepções e práticas de leitura voltadas a crianças pequenas no Projeto Político-Pedagógico das escolas.

Desde o início desta que é a sexta edição do projeto, as/os profissionais das escolas dos dois municípios passaram a realizar a leitura literária diariamente com as crianças de 3 a 5 anos, selecionando cuidadosamente os livros com bons critérios de qualidade, fazendo mediações da leitura, organizando ambientes, entre outras práticas que fizeram da formação leitora um valor e pilar da cultura escolar.

Mas por que então é necessário registrar a fundamentação e o funcionamento desse trabalho no PPP?

“É muito importante que esse documento, no caso aqui de Educação Infantil, traga a descrição de que criança leitora essa escola quer formar”, afirma a formadora e coordenadora pedagógica na Roda Educativa Renata Caiuby, que vem orientando as equipes na construção desse capítulo. “Que comportamentos e práticas leitoras desenvolver nas crianças? Que condições vão ser oferecidas para que as crianças se desenvolvam enquanto leitoras? Como formar uma comunidade de leitura? Como a escrita do PPP pode assegurar a identidade da escola? Que outros registros podem compor o documento além dos escritos?” são algumas das questões que precisam constar, segundo a especialista.

“O PPP é documento com diversos registros e serve como um instrumento de planejamento, acompanhamento e avaliação que deve ser elaborado e consultado pela equipe da escola e também pelas famílias a cada tomada de decisão. Ele deve conter a missão da escola, a caracterização dessa escola, da equipe, das famílias, as concepções e diretrizes pedagógicas embasadas teoricamente, incluindo os instrumentos de avaliação e acompanhamento das aprendizagens das crianças, o plano de formação dos professores, entre outros itens”, explica Renata.

Processo de construção do PPP

Para iniciar esse processo de revisão e aprimoramento, a formadora propôs às diretoras e às coordenadoras de todas as escolas, juntamente com a coordenadora da Secretaria de Educação, que analisassem o capítulo sobre formação de leitores de PPPs elaborados por outros municípios, à luz de um roteiro de observação. Em seguida, cada escola olhou para o seu próprio PPP para ver o que tinha ali registrado e documentado sobre formação de leitores, também com o amparo de um roteiro de observação.

A partir daí, cada dupla gestora fez uma primeira projeção do que não poderia faltar no capítulo sobre formação de leitores de sua escola, prevendo uma (re)escrita coletiva. “Cada equipe da escola se reuniu com seus professores e analisou quais eram as práticas e condições oferecidas que estavam registradas, os conteúdos que a gente tratou na formação, que eles aprenderam sobre formação de leitores e que não poderia deixar de estar documentado nesse material. Então elas já fizeram esse levantamento e definiram as responsáveis na escrita por cada item.” E não foram só registros escritos, as participantes foram convidadas também a incluir fotos para ilustrar o trabalho, depoimentos, tabelas e planilhas.

O passo seguinte é a dupla gestora de cada escola reunir as escritas de todos, organizar, revisar e encaminhar à formadora para que ela, junto com a equipe da Secretaria de Educação elaborem uma devolutiva, sempre tendo em mente o que é fundamental documentar sobre a formação leitora no PPP. A ideia é que o capítulo de formação de leitores de cada escola esteja pronto em novembro, para ser divulgado no evento de finalização do projeto em cada município.

A diretora da EMEI Professora Maria Seabra de Castilho Bianco, em Potim/SP, Karina Aparecida Salvador Salotti, relata que o registro profissional já estava incorporado à sua prática e já havia começado a organizar informações e anotações sobre a formação antes da proposição da escrita do PPP porque acredita que “tudo que é bom tem que ter continuidade” e que a documentação é chave para isso.

“O conhecimento não pode ficar somente comigo, precisa ser repassado, e, estando garantido no PPP, ele vai ser repassado para quem estiver à frente da escola, até mesmo juntamente com os novos professores que poderão chegar aqui para o próximo ano e dar continuidade, para ter essa garantia da formação leitora, tanto para as nossas crianças quanto para a comunidade também, o que é um ganho muito grande, um enriquecimento mesmo de repertório cultural para eles.”

“É uma garantia isso estar dentro do PPP, que é um documento que pode ser aperfeiçoado, que permite ampliar aquilo que a gente acredita e que já viu na prática que dá certo, que dá resultado.”

Trabalho de campo em Lagoinha

Parte importante do processo de formação para a construção desse capítulo foi o trabalho de campo* realizado no município de Lagoinha, que participou do projeto em 2017/2018 e já tem a experiência não só da construção, mas também da implementação do PPP, documento que hoje está cheio de anotações e post-its, o que revela que está em uso e tem revisões permanentes.

*O Trabalho de Campo é uma metodologia formativa usada pela Roda Educativa, em que um grupo de educadores visita juntos uma escola, com um foco de observação específico, de forma que possam refletir em grupo sobre o trabalho lá realizado, à luz do que é discutido nos encontros formativos.

“Ver a prática de formação de leitores em Lagoinha contribuiu muito para cada escola poder rever as suas próprias práticas, identificar algumas parecidas e outras que não faz, mas que pode fazer. Pudemos ver como a leitura vai habitando todos os espaços da escola, para além da biblioteca e salas de referência das crianças. Ver isso tudo junto com a documentação, que é revista várias vezes e modificada ao longo do ano – com partes que entram e outras que saem -, ajudou muito as gestoras de Potim e Redenção tanto na escrita do capítulo, como na revisão de suas próprias práticas”, afirma Renata.

A diretora da EMEI Arco Íris, Cinara Coelho, que recebeu as educadoras de Potim e Redenção, relembrou o processo de construção do capítulo quando o município participou do projeto em 2017/2018. “O documento que temos hoje foi construído pela equipe da escola, professores e gestores, conforme fomos estudando e vivenciando o que íamos aprendendo. O documento é vivo no sentido de útil e flexível, não é um documento de ‘gaveta’, sempre que temos dúvidas recorremos a ele, quando chega um professor novo recorremos a ele, quando aprimoramos a prática fazemos os ajustes nele, é realmente um material muito funcional pra gente.”

Cinara pontua que a mudança começou antes mesmo do documento estar pronto. “As modificações começaram quando a concepção de leitor e leitura mudaram, percebemos como tínhamos uma visão equivocada do assunto e o quanto isso impacta na vida das crianças e suas famílias. O Projeto Pequenos Leitores foi um divisor de águas aqui na escola. Tudo mudou, os profissionais, o acervo, a prática… é impossível sermos como antes”, finaliza.

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