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Foto de crianças diversas em uma sala de aula. A menina no centro faz uma careta como se estivesse descontente
31/07/2024

6 práticas que podem prejudicar a avaliação diagnóstica e como evitá-las

Foto de crianças diversas em uma sala de aula. A menina no centro faz uma careta como se estivesse descontente

A avaliação diagnóstica é uma importante ferramenta para coletar informações sobre o conhecimento, habilidades, atitudes e competências das/os estudantes, o que permite mapear os pontos fortes e de dificuldade da turma e guiar o planejamento docente, com estratégias de ensino diferenciadas e personalizadas, definição de metas de aprendizagem e motivação das alunas e alunos.

Entretanto, algumas práticas podem prejudicar uma boa avaliação diagnóstica. Para identificar quais são as mais frequentes e, em especial, compreender o que fazer para evitá-las, ouvimos as coordenadoras pedagógicas da Roda Educativa Camila Tinoco e Thais Ciardella e a nossa diretora executiva Roberta Panico.

Confira as indicações!

1. Ignorar a história das/os estudantes

As/Os estudantes poderão aprender mais se forem compreendidas/os em sua integralidade, afinal cada integrante da turma traz consigo uma bagagem extensa, formada por suas experiências pessoais, inclusive as escolares. Conhecer essas histórias é importante para identificar casos que precisam de mais apoio e fazer uma intervenção que leve em conta a equidade.

É essencial que a coordenação pedagógica e equipe docente façam um levantamento para identificar casos em que a/o aluna/o já foi reprovado, está em distorção idade-série, já abandonou os estudos em algum momento ou se provém de busca ativa escolar. Também é importante saber sobre questões de saúde que possam impactar a aprendizagem e/ou que exijam adaptações e identificar casos que representem algum tipo de vulnerabilidade social, como crianças e jovens que provêm de famílias que são acompanhadas pelos serviços de assistência social e/ou conselho tutelar.

2. Fazer uma avaliação diagnóstica baseada em uma só atividade

O planejamento docente é realizado com base nos objetivos de aprendizagem previstos no ano, que fazem parte do currículo e que dialogam com o Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola, mas também é necessário considerar o que as/os estudantes já sabem e o que ainda precisam aprender. Ao conhecer uma nova turma é recomendável elaborar um conjunto variado de situações didáticas a partir do qual as/os alunas/os terão condição de demonstrar o que já sabem. Investir em uma só atividade ou prova pode ser pouco para esse diagnóstico, na medida em que o desempenho pode variar a depender do dia e de como a criança ou jovem está, e também é preciso considerar que nem todas as habilidades podem ser analisadas por meio do registro escrito.

O ideal é planejar situações em que as/os estudantes estão aprendendo e ao mesmo tempo podem demonstrar o que já sabem. Assim, a avaliação diagnóstica não acaba num só dia. A/O professor/a pode fazer uma tabela com as aprendizagens prioritárias que quer analisar e os nomes das/os integrantes da turma, fazendo marcações a cada aula, de forma que o olhar diagnóstico esteja presente de forma contínua. Nessa perspectiva de avaliação formativa, a compreensão sobre o que cada um sabe guia o planejamento da/o docente, que pode prever intervenções específicas conforme a necessidade, e até mesmo retomar conteúdos de anos anteriores se for necessário para consolidar aprendizagens.

3. Planejar sempre a mesma atividade para toda a turma

Sabendo como cada estudante está em relação aos objetivos de aprendizagem selecionados, a/o professor/a terá condições de planejar contemplando essas diferentes necessidades. Podem ser previstos trabalhos em grupos com atividades diferentes, ou então designar papéis específicos para cada uma/um a partir do que elas/es pretendem aprender. Se uma pessoa precisa avançar na escrita, ela pode atuar como escriba do grupo, por exemplo.

Essa divisão pode compor um dos momentos da aula: primeiro toda a sala lê o texto e discute com a mediação da/o professora/or, em seguida resolvem exercícios diferentes em duplas, e, por fim, fazem a socialização em grupos que têm a mesma sequência de exercícios. Outra oportunidade de atender a necessidades específicas é a lição de casa, que não precisa ser a mesma para todas as pessoas.

4. Organizar o trabalho baseando-se somente no livro didático

Diante da falta de condições para o planejamento, muitas vezes as/os educadoras/es organizam suas aulas na sequência que o livro didático propõe, como se essa ferramenta fosse o currículo. O livro didático é, sem dúvida, um importante apoio, mas não é a única fonte de planejamento. Ele está a serviço do ensino e não o contrário.

Assim, um bom planejamento considera os objetivos de aprendizagem do ano letivo, expressos no currículo e que dialogam com o PPP da escola e as necessidades de aprendizagem das/os alunas/os. Sabendo disso, a/o professora/or poderá planejar aulas que utilizem o livro didático, e também outras que não dependam dele. Pense, por exemplo, em uma sequência didática em que estudantes partam do estudo do livro didático, depois façam uma caminhada na comunidade em torno da escola para identificar como esse tema se apresenta empiricamente na sociedade e depois ampliem esse conhecimento com pesquisas na biblioteca, internet e socialização dos conhecimentos por meio de um seminário de compartilhamento com outras salas. Imagine quantas habilidades de diferentes componentes e áreas é possível desenvolver a partir de uma sequência que vá além do que está no livro!

5. Manter estudantes sempre em fila, na sala de aula

Quando se pergunta às turmas como elas aprendem melhor, é muito frequente que tragam o trabalho em grupo como uma alternativa interessante. Com isso, comprovam o que já é discutido há muito tempo na educação: a aprendizagem se dá na interação entre pares, com a/o professor/a e com o conteúdo. Mas infelizmente o que ainda se observa em muitas salas são estudantes um atrás da/o outro/a, e frequentemente com tempo grande dedicado à cópia da lousa, o que pouco contribui para a aprendizagem.

Planejar aulas que prevejam momentos em que alunas/os tenham desafios a serem resolvidos em duplas, trios ou grupos é uma ótima pedida. Mesmo temas que tenham que ser trabalhados de forma coletiva, podem às vezes recorrer a formatos diferentes, como uma leitura com discussão de texto em roda na sala, na biblioteca ou, quem sabe, no parque debaixo de uma árvore. Explorar diferentes agrupamentos e ambientes escolares pode favorecer o envolvimento da turma para a aprendizagem e as interações, variáveis relevantes para uma prática educativa potente.

6. Pensar na avaliação só no final do percurso

Para que seja formativa, a avaliação das/os estudantes precisa ser processual e vir como resultado de ações que assegurem o acompanhamento das aprendizagens e permitam intervenções rápidas, sempre que uma ou mais pessoas da turma necessitarem. Por isso, é importante planejar os registros que permitirão acompanhar como as/os alunas/os construirão conhecimento e também avaliar as intervenções docentes, bem como os impactos que elas tiveram.

Entre os registros a serem propostos para as/os estudantes, vale considerar a escrita de portfólios. Já uma forma de acompanhar a própria evolução docente é gravar pequenos vídeos das aulas e avaliar, na sequência, quais foram os pontos de destaque e onde é necessário o apoio da coordenação pedagógica ou de outras pessoas mais experientes. Também é importante prever, com o apoio da gestão e de outras/os professoras/es, como organizar ações de retomada dos conteúdos.

Quer saber mais sobre o papel de diferentes profissionais na aprendizagem das/os estudantes? Conheça nossas publicações:

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