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28/10/2019

Troca de olhares e estratégias formativas marca encontro do Pequenos Leitores em São Paulo

O encontro de formadores do projeto Pequenos Leitores promoveu trocas de aprendizados e desafios entre os representantes de cinco municípios paulistas que participaram e participam das quatro edições da iniciativa, resultado de uma parceria entre a FTD Educação, a CE CEDAC e as Secretarias de Educação dos municípios participantes.

Estavam representados Itatinga, Ferraz de Vasconcelos e Lagoinha, que receberam edições anteriores, e os dois municípios onde o projeto está em  curso hoje  – Ilhabela e São Luiz do Paraitinga.

Realizado  entre os dias 21 e 23 de outubro na FTD Educação, em São Paulo, o encontro teve como objetivo oferecer um espaço de trocas de experiências entre os municípios e contribuir para a formação das profissionais que atuam como formadoras dos educadores e gestores que atuam com crianças de 3 a 5 anos.

Participaram cerca de 15 gestores educacionais e escolares das cinco cidades, além de integrantes da equipe da Comunidade Educativa CEDAC e da FTD Educação, que realizam o projeto em parceria desde 2013.

O Pequenos Leitores tem como foco a formação de educadores que atuam na Educação Infantil com crianças de 3 a 5 anos, com a intenção de que a escola amplie a compreensão sobre sua importante função na formação de leitores e contribua para que a leitura de qualidade aconteça na rotina das crianças pequenas, fator essencial para a garantia do direito ao acesso à cultura escrita.

Na fala de abertura, a diretora-presidente da Comunidade Educativa CEDAC, Tereza Perez, ressaltou a importância do evento. “É preciso manter o contato entre os municípios para que as experiências de sucesso se multipliquem.” Para ela, ao propiciar a leitura a uma criança e estimular o seu universo imaginário, são criados momentos de aproximação e afeto.

O encontro também contou com leituras de textos literários (como o romance  “Crônica da Pedra”, do escritor albanês Ismail Kadaré) e com palestras pela equipe da CE CEDAC.  A coordenadora pedagógica Marília Novaes falou sobre a relação entre escolas e famílias, com o enfoque “O que é essa relação e o que cabe a cada um?”, questionou, elencando as bases legais deste debate no Brasil: o artigo 205 da Constituição Federal de 1988, o artigo 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e também o artigo 12 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação.

“A escola é, naturalmente, um espaço de poder público. E leva consigo todas as complicações desse tipo de espaço. Além disso, cada criança leva para a escola o contexto econômico no qual ela está inserida”, pontuou Marília. “Relação é conflito. E ele precisa ser administrado em conjunto por toda a comunidade escolar.”

No primeiro dia também foi realizada uma oficina sobre cultura escrita e educação infantil, em que foram debatidos os diferentes métodos de alfabetização a que as crianças brasileiras têm acesso, e como a formação de pequenos leitores tem relação direta com a questão socioeconômica das famílias brasileiras.

Política de formação de leitores

Mas o ponto alto do encontro foi a apresentação dos municípios.  A coordenadora de Educação Infantil de Lagoinha, Claudiane Aparecida Araújo, compartilhou as estratégias de formação de novos professores que ingressam na rede sem terem participado da formação realizada no contexto do projeto (2017-2018). Além dos estudos e das formações no contexto do HTPC (horário de trabalho pedagógico coletivo), Claudiane falou da necessidade de dar continuidade aos temas tratados e ao mesmo tempo ampliar as referências teóricas da rede.

Na sequência, a dupla de São Luiz do Paraitinga, formada por Gisele Claro e Patrícia de Melo, relatou os primeiros desdobramentos da formação, iniciada neste ano. Também se apresentou a dupla Kelly Rocha e Carla Alves, de Ferraz de Vasconcelos,  onde o projeto foi realizado nos anos de 2015 e 2016.

Em todos os relatos, ficou forte nas falas a importância de a política de formação de leitores estar prevista em documentos públicos e de envolver as famílias e comunidade no trabalho.

Percurso leitor

O evento também discutiu o papel do diretor e da equipe da secretaria no percurso leitor. A discussão foi ampliada com a oficina “Formação de leitores e a gestão escolar e educacional”, ministrada pela coordenadora pedagógica Maura Barbosa, que falou sobre a necessidade das escolas terem um planejamento estratégico, alinhado com as diretrizes da Secretaria local, que dê embasamento para a criação de um percurso leitor das crianças.

“A escola é o território do afeto, mas também precisa de rigor para que sejam garantidos direitos e para que exista uma organização funcional em prol da aprendizagem de todas e todos”, alertou Maura, provocando os presentes a discutir sobre os desafios que a gestão educacional e escolar possuem para assegurar a formação de leitores.

“O leitor proficiente precisa ter diálogo em rede e articulação intersetorial. É tarefa de toda uma comunidade”, afirmou Roberta Panico, diretora de desenvolvimento educacional da CE CEDAC, também presente ao encontro.

Maura exaltou experiências de incentivo à leitura que publicizaram seus trabalhos, deixando em evidência o resultado de todo esse processo. “Em Itapetininga (SP), tinha exposição anual do trabalho das crianças na Câmara municipal, tinha criança lendo livro na rádio.” Para ela, uma comunidade leitora é composta por pessoas que conversam sobre o que leem.

Papel dos diretores

Mas o papel do diretor também foi tema das falas dos municípios. A apresentação da dupla de Ilhabela discutiu o papel do diretor escolar na formação de leitores. Elaine Sampaio citou a importância de garantir que reuniões periódicas discutam coletivamente as ações do Pequenos Leitores. “Achava que trabalhávamos bem com o tema da leitura. O projeto nos fez mudar de olhar”, afirmou Elaine, listando ações de sucesso, como a criação de grupos de estudos e de cantinhos de leitura, além de maior acesso aos livros e estímulo à sua circulação.

Para a diretora Tatiana de Lima, o projeto também trouxe valorização para os livros que já estavam na escola, que passaram a ser catalogados e reorganizados. Maria Terezinha afirmou que, na escola que dirige, apurou-se o olhar para a qualidade do acervo e, hoje, a sala de leitura é o espaço mais disputado.

A programação também contou uma visita guiada ao MASP, na qual os participantes  tiveram a oportunidade de conhecer o acervo fixo da instituição e a exposição História das mulheres artistas até 1900.

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