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11/04/2018

Seminário deixa reflexões para profissionais da 1ª Infância

O Seminário Internacional Arte, Palavra e Leitura na Primeira Infância 2018 ocorreu nos dias 13, 14 e 15 de março de 2018 e reuniu renomados especialistas  em um intercâmbio de experiências e reflexões, que contribuiu para ampliar o nosso panorama teórico e prático contemporâneo sobre o lugar da cultura na infância.

O evento foi uma iniciativa do Instituto Emília e da Comunidade Educativa CEDAC, realizada em parceria com o SESC São Paulo e o Itaú Social, e com apoio do Instituto C & A e da Associação Cultural Espanhola (ACE).

A abertura do seminário, no dia 13 de março, foi marcada por um auditório ocupado por mais de 600 pessoas de pessoas de 82 cidades de 11 Estados do Brasil e por uma fala emocionante de Tereza Perez, sobre a importância das parcerias e alianças que possibilitaram a realização do evento e destacou a oportunidade rara de reunir interessados e especialistas na primeira infância para ampliar reflexões sobre o que chamou de “belezuras” que devem estar presentes na relação entre adultos e crianças.

Tereza resgatou sua própria história de “má” aluna que encontrou na professora de recuperação, Dona Adozinda, o olhar que até então lhe faltara na escola. “No final das contas, ficar para recuperação foi uma das melhores coisas que me aconteceram. Foi quando aprendi que quem ensina precisa exercer a empatia, olhar e escutar o outro. Que a escrita, leitura a literatura permitem conhecer o outro e se conhecer. Hoje quando viajo Brasil afora, nas cidades onde fazemos formação com o CEDAC, busco Terezas e Adozindas e a beleza que pode existir na relação entre elas”, disse a diretora-presidente da CE CEDAC.

As mesas-redondas foram o espaço para trocas de reflexões e práticas entre os especialistas em torno de temas desafiadores na área da leitura na primeira infância.

A primeira mesa, “A voz, a palavra e o brincar na primeira infância”, envolveu o público com o tema abordando como se dá o acolhimento ao bebê a partir da linguagem acompanhada da cultura e do afeto, para que possa ser recebido no “berço cultural” a que tem direito.

Como nos falou lindamente Maria Emilia López: “Literatura é uma condição do humano, parte da condição humana, está presente em todas as culturas. A aprendizagem do bebê é relacionada ao literários, pelos cantos e junção de sons, não ligado à transmissão de informação. Literatura é marca genética – e  poesia é fundante no humano. O encontro com a poesia é forma de entrar na literatura e em contato com a linguagem interior”.

Na sequência, a mesa “Embaixo da pele do lobo, por que ler os clássicos?” salientou a importância de avançarmos dos cânones tradicionais para construirmos o nosso próprio panteão pessoal de clássicos. Marina Colasanti não pôde comparecer ao evento e foi substituída nessa mesa por Rodrigo Lacerda, mas foi homenageada em um vídeo que emocionou a todos.

O segundo dia do evento trouxe a discussão sobre a formação de leitores sob diferentes perspectivas: a de uma livreira (Lara Meana), de uma educadora comunitária (Bel Santos) e de uma formadora de professores (Patrícia Diaz), na mesa “Rompendo Paradigmas: Semeando Futuros Leitores”. Em seguida, Paloma Valdivia, Issa Watanabe e Laura Teixeira compartilharam conosco o seu diálogo com a sua criança interior na criação de suas obras, na mesa Arte, poesia e o mundo digital, que também contou com as reflexões de Lucas Ramada sobre o potencial da ficção digital.

O último dia do Seminário começou e terminou com a indignação pela morte brutal e covarde de Marielle Franco, assassinada no dia 15 de março, em um duro contraste com as discussões em torno dos caminhos para criarmos um mundo mais impregnado e mais conectado com a infância.

Ao abrir o evento, Dolores Prades (Instituto Emília) fez uma homenagem à vereadora e disse que o seu assassinato redobrava a nossa responsabilidade de criar um mundo melhor para as nossas crianças. No encerramento, Tereza disse que as discussões do seminário mostram que “precisamos saber nos cuidar e cuidar de quem está em nosso alcance para que possamos fazer disso um contínuo nas relações”.

Programação paralela

Como programação paralela ao seminário, foi promovida uma série de oficinas com o objetivo de fomentar discussões e vivências práticas diretamente ligadas ao dia a dia daqueles que trabalham com a primeira infância.

Na oficina de Sara Bertrand, “Não é de comer”, houve uma profunda reflexão sobre o ato de escrever. A formadora Renata Grinfeld, que participou da oficina, conta, que, partindo de vários exercícios de escrita, simples e complexos, que exigiam um resgate da memória, Sara envolveu os participantes em seu mundo de escritora e conseguiu fazer desses momentos instantes de integração, escuta e respeito.

Na oficina “Livros para leitores contemplativos”, Paloma Valdivia compartilhou com o grupo sua entrada no universo da literatura por Monteiro Lobato, que no Chile, onde vivia, era totalmente desconhecido e que por contato de seus familiares com pessoas da América Latina (na época da ditadura) recebeu a coleção do autor brasileiro. “Com esse exemplo, ela nos contou como pode ser mágica a entrada na literatura, pois na época, acreditava que esses livros só existiam para ela, uma vez que mais ninguém de seus amigos chilenos conheciam essas histórias”, relatou a nossa coordenadora pedagógica Sandra Medrano.

Além das oficinas, foram promovidas também atividades para parceiros e convidados na Unibes Cultural, no Hotel George V, e nas comunidades de Parelheiros e Heliópolis, com o objetivo de aprofundar determinados temas com alguns dos palestrantes.

Em uma delas, foi discutido o panorama das políticas públicas de Leitura a partir da apresentação de um estudo da Cerlalc (Centro Regional para el Fomento de la Lectura en América Latina y el Caribe), por Lorena Andrea Veloza. Foi composta uma mesa com outros especialistas ligados ao Cerlalc, como José Castilho, Maria Emília Lopez e Patrícia Pereira Leite – todos membros do Cerlalc.

Para a diretora da CE CEDAC, Roberta Panico, a discussão noz fez pensar que a política pública de leitura precisa ser uma estratégia de desenvolvimento social e político de um país, não podendo envolver apenas o Ministério da Educação, mas também toda a estrutura pública.

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