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23/03/2022

Radar Amazônico mapeia práticas educativas na Amazônia

 

Com o objetivo de apoiar a construção de políticas educacionais para a realidade amazônica, a Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e o Instituto Unibanco (IU) se uniram para realizar o projeto Radar Educacional Amazônico e lançaram nesta semana um relatório sobre “iniciativas promissoras” para a educação de populações tradicionais na Amazônia. Dentre as iniciativas destacadas estão três que contam com a participação da CE CEDAC: Projeto Nós, Trajetórias de Sucesso Escolar e Ioeb.

O documento de 78 páginas, divulgado no dia 21 de março, contou com a colaboração de um comitê técnico que incluiu a diretora-presidente da Comunidade Educativa CEDAC, Tereza Perez.

“A ideia é que a gente continue tendo uma coleta de experiências para ir ampliando o que conhecemos sobre as experiências educacionais amazônicas”, afirma Tereza.

Ao analisar as práticas educativas nos diferentes territórios da região, o Radar Amazônico busca ampliar discussões em torno dos desafios e potenciais à luz das políticas públicas vigentes, mapeando experiências educacionais promissoras que possam inspirar práticas mais conectadas ao contexto e às especificidades da Amazônia. 

O projeto também expõe o desconhecimento que existe no país em relação à vasta região, onde vivem 47 milhões de pessoas, “das quais quase um milhão são pertencentes a 385 povos indígenas – com suas próprias identidades culturais, práticas de gestão territorial e idiomas – comunidades tradicionais, ribeirinhas, extrativistas e quilombolas que constroem dinâmicas singulares de integração com a natureza”.

“Observar, portanto, a Amazônia em sua totalidade significa não tratá-la como uma região homogênea, mas sim considerá-la como uma região de uma enorme diversidade de pessoas, culturas, identidades e de diferentes espaços geográficos. Assim, pensar em políticas públicas de educação que correspondam aos anseios dessas questões é para a execução de uma política pública mais inclusiva e que garanta os direitos dessa população em especial”, dizem os autores.

O relatório recém-divulgado também se debruça sobre os dados educacionais dos estados da Amazônia nos indicadores de acesso, progresso e abandono escolar, destacando o desafio da defasagem nas aprendizagens que a região apresenta em relação a outras partes do país e o da baixa conectividade, questão especialmente relevante para as comunidades de populações tradicionais da Amazônia.

Vale ressaltar que apesar de não ser capaz de frear totalmente a migração, a educação cria novos patamares na percepção sobre a qualidade de vida dentro das comunidades. A oferta de ensino precisa ser uma realidade nas áreas remotas da Amazônia e a escola precisa ser atraente, com metodologias de ensino conectadas à realidade local, que motivem os jovens a quererem estudar e a quererem cuidar do lugar onde vivem”, afirma o documento.

O relatório está disponível para download gratuito, no site da Fundação Amazônia Sustentável.

A primeira etapa do projeto concentrou esforços no levantamento e análise de dados educacionais de populações tradicionais da Amazônia, com um recorte que contempla ribeirinhos, extrativistas e quilombolas.

 

Escolas Multisseriadas

Dentre as práticas analisadas está a das escolas multisseriadas, comuns nas áreas rurais da Amazônia, em função do baixo número de estudantes, das grandes distâncias entre as escolas e das variações do nível dos rios. Em uma seção que trata do “desafio de transformar a precarização em estratégia e inovação educacional”, o relatório diz que a qualidade de ensino oferecida neste sistema é questionável, mas que o problema não está nos diferentes momentos de aprendizagem, mas sim na insistência da seriação que acontece dentro destas turmas. “A própria diversidade poderia ser um aspecto desencadeador das múltiplas aprendizagens coletivas, do aprender a respeitar diferentes ritmos e tempos de aprender, de compreender que os saberes podem ser complementares.”

O documento relata que a experiência de educação multisseriada existe em diversos países desenvolvidos e em desenvolvimento (Finlândia, Suécia, Irlanda, Noruega, País de Gales, Chile, Peru, Colômbia, Guatemala, Uganda e África do Sul, dentre outros) e ressalta que, com atenção às especificidades que esse sistema exige principalmente em termos de formação docente, “há uma potencialidade embutida na relação entre alunos de idades diferentes, afirmando que isso pode ser benéfico para o aprendizado dos mesmos (PARENTE, 2014)”.

O comitê foi composto por Virgilio Viana (Fundação Amazônia Sustentável – FAS), Ricardo Henriques (Instituto Unibanco), Kátia Schweickardt (Universidade Federal do Amazonas – UFAM), Tereza Perez (Comunidade Educativa CEDAC), Tiago Borba (Instituto Unibanco), Lucia Isabel Silva (Universidade Federal do Pará – UFPA) e Geraldo Mendes (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA).

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