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20/12/2019

Finalistas do Prêmio IPL 2019 apontam temas para aprimoramento de projetos de leitura em oficina com a CE CEDAC

Em um país onde 44% das pessoas se declara não leitora¹, as iniciativas de fomento à leitura são fundamentais. Desde 2016 o Instituto Pró-Livro realiza o Prêmio IPL – Retratos da Leitura, para reconhecer pessoas e instituições que promovem o livro, a leitura e a literatura no Brasil.

No dia 4 de dezembro, antes da entrega da 4a edição do Prêmio, finalistas de 13 estados, Distrito Federal e outros 12 de alcance nacional se reuniram no Unibes Cultural, em São Paulo, com parte da equipe da Comunidade Educativa CEDAC para um momento de troca e aprendizado. Segundo Zoara Failla, coordenadora do Prêmio IPL, um dos principais objetivos foi auxiliar os finalistas no aprimoramento dos projetos, para que fiquem mais claras algumas questões, tais como as metodologias que os orientam e os instrumentos avaliativos que usam.

Sandra Medrano, uma das coordenadoras da CE CEDAC, propôs um World Café – método de conversa em grupos mediados em que os participantes têm um período determinado para debater uma questão específica. Ao encerrar o tempo previsto, cada mediadora muda de grupo, faz uma breve contextualização do que já foi discutido e inicia novamente o debate com os novos participantes. O processo se repete até que todos os envolvidos tenham conversado sobre todas as questões propostas. Para encerrar, cada mediadora apresenta um resumo de seus registros para todo o grupo.

Encontro contou com participação do patrono do prêmio, Pedro Bandeira

No encontro com finalistas do Prêmio IPL 2019, o grupo foi dividido pelas áreas de atuação: Organizações Sociais Civis (OSCs), Mídias, Cadeia Produtiva e Bibliotecas – respondendo a quatro questões.

As mediadoras Cristiane Tavares e Ana Carolina Carvalho (ambas da CE CEDAC) acompanharam a mesa em que foram discutidos critérios de escolha de livros no contexto da formação de leitores.Os mais citados foram:

  • atualidade: livros que dialogam com temas que estão em alta
  • contexto: diálogo com a realidade do entorno
  • repertório: obras que mobilizam os envolvidos no projeto
  • diversidade: busca pela representatividade de grupos como mulheres, indígenas, negros, quilombolas e deficientes
  • apelo: livros que fisgam os leitores
  • demandas do público: livros comentados e solicitados pelo grupo participante
  • novidades: apresentação de lançamentos

Pensando no planejamento de atividades de formação de leitores, outros pontos foram considerados:

  • favorecer a consciência de pertencimento a um espaço e grupo
  • ampliar o repertório da comunidade
  • dar voz às crianças como leitoras e escritoras
  • informar e discutir sobre questões sociais e assuntos em pauta
  • promover relações de integração intergeracional
  • desenvolver a criticidade
  • promover a livre escolha
  • possibilitar a relação com outras linguagens artísticas
  • trabalhar datas comemorativas previstas

Outra questão importante para o desenvolvimento de projetos de promoção de leitura é o monitoramento e avaliação das ações realizadas para mensurar os resultados obtidos – e seguir o trabalho considerando-os.

Na troca entre finalistas, mediada por Sandra Medrano (CE CEDAC) e Renata Costa (Palavralida), foram citados critérios quantitativos e qualitativos para avaliar as ações de fomento à leitura, sendo os primeiros sempre mais fáceis de mensurar – quantidade de pessoas presentes em um evento, ou acessando um conteúdo, ou emprestando livros na biblioteca, por exemplo. Já no aspecto qualitativo, um grande desafio é estabelecer metas e formas de acompanhamento. Algumas opções são o uso de depoimentos e a definição de indicadores de avaliação que possam orientar a análise e acompanhamento do trabalho. De qualquer forma, é fundamental   garantir condições (tempo e financiamento) para definição do que se quer avaliar, para coleta e análise de dados e revisão das propostas em questão.

Outro aspecto relevante apontado nas discussões sobre este tema foi a necessidade de ter em consideração a relação e a especificidade entre as metas de monitoramento do projeto ou ação do ponto de vista de quem realiza, e os parâmetros de avaliação social, ou seja, o ponto de vista de quem participa.

Patrícia Diaz (CE CEDAC) e Vera Esaú (CBL) coordenaram a discussão sobre um grande desafio dos projetos sociais, especialmente os que lidam com livros, leitura e literatura, que é o de enraizar as propostas, tornando-as ações permanentes. Boa parte delas nasce de um interesse pessoal e envolve trabalho voluntário. No plano para melhorar a sustentabilidade, os finalistas do Prêmio IPL 2019 têm buscado estratégias como editais, parcerias e financiamentos coletivos, diversificando as fontes e também serviços oferecidos.

Fica clara a necessidade de investir na profissionalização das áreas de gestão e comunicação do projeto,. ambas áreas que demandam conhecimentos específicos para além do tema central do projeto. Uma das estratégias para isso de parcerias e participação em mentorias, oficinas e cursos.

Nesse mesmo caminho, os participantes destacaram a importância do fortalecimento da comunidade atingida pelo projeto – seja local ou virtual -, de modo que percebam o valor do que é oferecido e apoiem o trabalho. Além disso, na comunidade podem ser formados agentes multiplicadores, para que o projeto não fique centralizado em uma pessoa e tenha mais alcance e durabilidade de seu impacto.

Por fim, o diálogo com o público também se destaca com grande importância. Os grupos, mediados por Fátima Fonseca e Camila Fattori (CE CEDAC),apontaram que muitas vezes os projetos passam por modificações para atender demandas que chegam, como temas do que é lido, horários e formatos de atividades.

É possível notar duas dimensões de participação: os envolvidos, com acompanhamento mais esporádico dos projetos, e os engajados, que acompanham fielmente.  Além disso, por vezes existe um público intermediário, formado por gestores públicos e professores, e um final, composto por crianças, famílias e comunidade.

Algumas das ações realizadas pelos finalistas do Prêmio APL 2019 para manter esse importante diálogo aberto, acolher demandas e organizar ações dos projetos de acordo com elas são caixas de sugestões, formulários, enquetes, reuniões, avaliações, encontros, escuta pelos mediadores e acompanhamento de comentários e comportamento de usuários nas mídias.

A professora Marisa Lajolo comentou os resultados das apresentações e o patrono do Prêmio, Pedro Bandeira, encerrou o encontro com uma breve fala sobre o potencial de impacto e transformação de projetos que apostam no livro, na leitura, na literatura e em leitores.

A CE CEDAC também participou do júri do Prêmio IPL – Retratos de Leitura, tendo sido representada por Patrícia Diaz e Sandra Medrano.

¹ Segundo pesquisa Retratos da Leitura no Brasil – 4ª edição, disponível em http://prolivro.org.br/home/images/2016/Pesquisa_Retratos_da_Leitura_no_Brasil_-_2015.pdf (acesso realizado em 20 de dezembro de 2019, 17h45)

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