O projeto Pequenos Leitores e o curso Itinerários Literários Virtuais foram selecionados por dois Congressos internacionais de Leitura – o  do IBBY (International Board on Books for Young People), realizado em agosto em Auckland, na Nova Zelândia; e o da Universidade Federal de Santa Catarina, que ocorrerá no final do mês em Florianópolis.

O Pequenos Leitores é resultado de uma parceria da CE CEDAC com a Editora FTD e com o Programa de Investimento em Programas Sociais do Fundo Itaú Excelência Social (PIPS FIES); já os Itinerários Literários Virtuais são uma iniciativa da instituição, realizada no contexto de diversos programas de formação de educadores na área de leitura e também oferecido ao público geral.

Sandra Medrano, coordenadora pedagógica das duas iniciativas, e a diretora Patrícia Diaz estiveram em Auckland, para apresentar os Pequenos Leitores e os Itinerários Literários Virtuais e acompanharam toda a programação da 35ª edição do congresso do IBBY, que contou com mais de 20 palestrantes, apresentações e discussões dos trabalhos relacionados à leitura do mundo inteiro, além da entrega do prêmio Hans Christian Andersen – que neste ano reconheceu a ilustradora alemã Rotraut Susanne Berber e o escritor chinês Cao Wenxuan.

O IBBY, sigla em português se traduziria em algo como Conselho Internacional para a Literatura para Jovens, é uma organização sem fins lucrativos que se define como uma rede de países e pessoas, a maioria voluntárias, dedicadas a aproximar livros e crianças/jovens.

Únicas expositoras brasileiras do Congresso, Patrícia e Sandra apresentaram as duas metodologias a participantes do Congresso de diferentes países, que se interessaram em saber mais sobre como o projeto Pequenos Leitores, que também conta com apoio do Programa de Investimento em Programas Sociais do Fundo Itaú Excelência Social (PIPS FIES), investe na formação de educadores que atuam com crianças de 3 a 5 anos de forma a qualificar as práticas de leitura para essa faixa etária e a institucionalização da leitura literária na educação infantil. Ou sobre como um curso on line como os Itinerários Literários Virtuais pode impactar na leitura literária de professores e  ampliar as possibilidades de formar jovens leitores desde a escola.

“Apresentar uma parte do nosso trabalho em um país tão distante e interagir com profissionais de tantos diferentes países foi incrível!”, relata Patrícia. “Todos se interessaram por conhecer as metodologias que desenvolvemos nos dois projetos; o contexto da formação inicial e continuada dos nossos professores; e a atuação da nossa instituição no âmbito do Brasil. Foram trocas bastante relevantes que tanto nos fez ficar ainda mais orgulhosas da importância do nosso trabalho como poder pensar em novas possibilidades de revisar e ampliar o que fazemos”.

Sandra comentou sobre o valor de participar de eventos em que é possível compartilhar experiências e conhecimentos com profissionais que atuam em outros contextos, mas compartilham de uma missão comum. “Participar de eventos em que podemos expor nossos trabalhos e conhecer outros permite, ao mesmo tempo, sistematizar e confirmar nossos conhecimentos e identificar novos desafios para aprimoramentos, como para nos constituirmos em uma comunidade maior, que extrapola limites territoriais, reafirmando que o compromisso de todas as iniciativas em torno dos livros e da leitura para crianças e jovens é uma questão de direito humano, seja onde quer que estejamos atuando.”

Entre os momentos altos da programação, Sandra e Patrícia destacam as participações:

– Meshack Asare, autor de Gana, apresentou a literatura infantil subsaariana, com uma análise  sobre as obras que resgatam a história local, transportando os leitores ao passado;

– Roger Mello, escritor e ilustrador brasileiro, vencedor do prêmio Hans Christian Andersen 2014 na categoria ilustrador, falou sobre suas produções, as abordagens políticas, sociais e culturais mostrando a força de suas imagens como em Carvoeirinhos e Meninos do Mangue;

– Sir Richard Taylor, da Weta Studios, responsável pela criação dos personagens, cenários e efeitos de vários filmes, como O Senhor dos Anéis, As Crônicas de Nárnia, Avatar, Hobbit… resgatou o histórico de suas produções e explicou ao público como “transpõe” os livros para as telas;

– Markus Zusak , autor de A Menina que roubava livros, falou sobre o processo de produção do best-seller e como sua família e sua infância influem em suas criações.

Os debates e mesas também levantaram importantes temas contemporâneos da literatura, como a diversidade cultural na literatura infantil; a polêmica dos direitos autorais das produções originadas da cultura popular, como o caso do registro de mitos e lendas; o desafio de manter a imaginação das crianças e jovens estando em uma era da racionalidade; e as estratégias para  engajar jovens na leitura.

Uma contribuição importante deste evento, na visão de Sandra, foi poder refletir sobre como a leitura e a literatura perde espaço para as mídias digitais e quanto é preciso ter uma vigilância para que ela não seja considerada somente um pretexto ou uma porta de entrada para outros entretenimentos, como filmes e games. “É preciso ampliar as reflexões sobre o lugar da leitura, na formação das crianças e jovens, sobre que qualidade editorial queremos para esta formação e quais aprendizagens estão envolvidas neste contexto que é da leitura, principalmente a literária.”

Nos dias 26 e 27 de setembro Sandra Medrano, Lurdinha Martins e Alda Beraldo estarão na capital catarinense apresentando as nossas experiências na formação de leitores e conhecendo outras brasileiras e estrangeiras.