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04/05/2018

Oficina com Felipe Munita aprofunda o papel do professor como mediador de leitura

Ajudar a criança e o jovem a explorarem zonas de um livro que eles não adentrariam sozinhos e a constituirem um comportamento leitor que permita que se envolvam com a obra mas que ao mesmo tempo possam se distanciar dela para analisar e apreciar sua estrutura são algumas das funções do mediador de leitura que Felipe Munita* explorou na oficina que ministrou à equipe da Comunidade Educativa CEDAC e a educadoras de instituições parceiras.

A partir do tema “O papel do professor como mediador na formação escolar do leitor literário”, Felipe conduziu o grupo em um percurso reflexivo em torno dos dois objetivos da educação literária na escola da forma como a entendemos hoje: permitir que o estudante e se encante com a literatura, navegue por ela; e, por outro lado, oferecer oportunidades para que possa refletir sobre o que possibilita esse encantamento. Para essa reflexão, trouxe a metáfora da casa, em que se adentra e se tem acolhimento, mas em que também se pode analisar o quê do projeto arquitetônico possibilitou tal acolhimento.

“A ideia não é que analisem friamente o texto, mas que possam observar, apreciar os recursos estéticos empregados pelo autor”, afirmou o especialista em leitura, que é chileno, mas hoje está baseado em Barcelona.

Ele faz parte do grupo de pesquisadores do Gretel (Grupo de Investigação de literatura infantil e juvenil da Universidade Autônoma de Barcelona), dirigido por Teresa Colomer, e se dedica a estudar a mediação de leitura na escola, a educação literária e a poesia para crianças.

Em um encontro de quatro horas, Felipe falou do vaivém dialético entre participação e distanciamento do leitor, conceito do francês Dufays, e do papel do mediador em promover esse movimento.

Propôs ao grupo atividades com esses dois enfoques: o da participação, em que o cada um pode navegar por alguns poemas e escolher um verso a seu gosto – em uma experiência que chamou de espontânea, subjetiva; e do distanciamento, em que o grupo leu dois contos de forma compartilhada e discutiu, a partir de questões provocadas por Felipe, sobre aspectos constitutivos do texto. Esta segunda é a experiência analítica, intelectual, que contribui para a formação do leitor e permite que aprecie “a arquitetura da casa”.

É nesse contexto que o mediador pode atuar para ajudar o leitor a olhar para nuances que estão no texto e contribuir para que ele avance na experiência estética, intervindo de maneira que possibilite uma experiência que não poderia realizar sozinho.

É o momento também em que é aberto o caminho para as diferentes linhas interpretativas que surgem na sala de aula.

“A literatura é sempre plurissignificativa e é importante que essas diferentes linhas interpretativas cheguem à sala de aula, mas devemos reconhecer também que algumas delas são mais ajustadas do que outras e até por isso têm mais força.”

Entre outros pontos que Felipe trouxe para discussão está a necessidade de o mediador se constituir como leitor para que possa favorecer a experiência literária do outro e a de planejar situações de mediação de leitura de forma a usar intervenções que não sejam sempre as mesmas mas que sejam específicas para o texto em questão. “A mediação precisa considerar as particularidades daquele texto.”

A oficina foi realizada no auditório da Livraria Martins Fontes, em São Paulo, e contou com a participação de profissionais da Revista Emília, do Colégio Santa Cruz e da Escola da Vila, que também está promovendo ações formativas com o especialista.

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*Felipe Munita é licenciado em Letras e Doutor em Didática da Língua e Literatura pela Universidade Autônoma de Barcelona. O seu doutorado foi orientado por Teresa Colomer e a sua tese, sobre o mediador de leitura, foi destaque no Prêmio Extraordinário de Doutorado. Na sua trajetória profissional foi promotor de leitura e professor tanto na escola como na universidade.

Também coordenou um programa de extensão universitária de Fomento à leitura de crianças e jovens na Universidade Austral de Chile, e foi consultor l da UNESCO em programas de formação de mediadores de leitura.

Atua hoje como professor visitante da Universidade Autônoma de Barcelona, mas continua vinculado ao Chile, como pesquisador associado na Faculdade de Educação da Universidade Católica de Temuco.

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