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25/02/2022

O lugar do livro didático nas escolas brasileiras

Peça importante no planejamento dos professores e aprendizagem dos estudantes, o livro didático faz parte da história da educação brasileira desde 1937, ano de início do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que na época tinha outro nome. Mas qual é o papel desse material na sala de aula, como pode ser utilizado para apoiar o planejamento didático?

Patrícia Diaz, diretora executiva da Comunidade Educativa CEDAC, enfatiza que “o PNLD é um programa muito grande que foi e é muito importante para garantir o acesso a materiais para todos”. Segundo dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), entre o final de 2019 e início de 2020 foram distribuídos mais de 170 milhões de livros didáticos para todos os níveis da educação básica do Brasil.

O material não para na distribuição, por isso é muito importante que sua escolha seja feita com critério e cuidado. Em sua pesquisa de mestrado em Processos de Ensino e Aprendizagem em Matemática (PUC- SP), Simone Azevedo, coordenadora na CE CEDAC, identificou que o material costuma ser bastante utilizado. “Os professores que participaram da pesquisa indicaram que usam os livros didáticos adotados pelas escolas, seguindo as orientações que eles contêm”, aponta.

Na introdução dos Parâmetros Curriculares Nacionais, consta que:

“O livro didático é um material de forte influência na prática de ensino brasileira. É preciso que os professores estejam atentos à qualidade, à coerência e a eventuais restrições que apresentem em relação aos objetivos educacionais propostos. Além disso, é importante considerar que o livro didático não deve ser o único material a ser utilizado, pois a variedade de fontes de informação é que contribuirá para o aluno ter uma visão ampla do conhecimento.” (BRASIL, 1998, p. 67)

Priscila de Giovani, coordenadora e formadora da CE CEDAC, reforça a relevância do livro didático não ser o único recurso, fazendo planejamentos por modalidades organizativas, que não são tão comuns nos livros.

 “Nem sempre os livros oferecem uma sequência didática, normalmente eles oferecem uma sequência de atividades que não tem um desafio encadeado a cada etapa, que não oferece um propósito comunicativo. Muitas vezes eles têm conteúdos excelentes, mas a gente precisa olhar para aquilo que o livro traz e pensar especificamente sobre como a gente coloca em prática todo esse trabalho.”

– Priscila de Giovani, coordenadora e formadora da CE CEDAC

No âmbito pedagógico, o livro didático tende a ser realizado com base na lógica de simultaneidade do sistema de ensino, ensinando a mesma coisa a todos os alunos ao mesmo tempo, como se todos tivessem os mesmos conhecimentos. “Mesmo que o livro leve em consideração os saberes dos estudantes, é o professor que vai decidir as adequações a partir das necessidades individuais”, aponta Priscila.

OS LIVROS DIDÁTICOS E OS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Para quem produz, seleciona e utiliza os livros didáticos, é importante observar o que eles revelam sobre os processos de ensino e aprendizagem.  Priscila indica que há muitas análises possíveis, sendo algumas mais específicas, como observar a progressão dos objetivos, a complexidade do objeto de conhecimento e o grau de autonomia.

Algumas perguntas podem ser feitas por professores, gestores e outros envolvidos no processo de produção, seleção e uso dos livros didáticos:

As atividades preveem levantamento dos conhecimentos prévios dos estudantes, considerando seus saberes e espaço para que formulem ideias, ainda que provisórias, sobre o objeto de conhecimento?

É possível prever um movimento metodológico central para aprendizagem com situações de trabalho coletivo, grupos, duplas e trabalho autônomo?

São priorizados apenas conteúdos conceituais ou também estão em jogo os procedimentais e comportamentais?

Há espaço para discussão coletiva e participação dos estudantes na sugestão de propostas?

As imagens e ilustrações ampliam conhecimentos,  não são estereotipadas e se representam a diversidade humana?

Para finalizar, Priscila aponta que toda a análise precisa ser realizada também pelas orientações dos professores e não só pelas atividades propostas para os estudantes. “Uma questão importante é a priorização de conteúdos que possam se inter-relacionar, levando em consideração as conexões entre os objetos de conhecimento, dentro da mesma área do conhecimento, com relevância cultural e social, possibilitando o desenvolvimento de temas contemporâneos, como cidadania, questões étnico-raciais, identidade, gênero, saúde, meio ambiente e sustentabilidade etc.”, enfatiza.

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