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07/03/2022

O lugar das mulheres na educação brasileira

A educação brasileira é feita majoritariamente por mulheres. É um fato que pode ser verificado pelos números e por qualquer pessoa que já entrou em uma escola.  Na educação infantil, somos 96,4%; 88,1% nos anos iniciais; 66% nos anos finais; e 57,8% no ensino médio. Somente no ensino superior, os homens passam a predominar, derrubando o percentual feminino para 45,5%. Os dados são do relatório Education at a Glance 2021, da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Nos cargos executivos da Educação1, a tendência não só se confirma, como se acentua. Nas secretarias Municipais de Educação das capitais brasileiras, 21 são lideradas por mulheres e 6 por homens; nas Secretarias Estaduais, já são 16 homens e 11 mulheres; no Ministério da Educação, pelo qual passaram nada menos do que 61 pessoas desde 1930, tivemos uma única mulher: Esther de Figueiredo Ferraz, de 1982 a 1985 (período final da ditadura militar).

No colegiado mais importante para a Educação do país, a situação não é diferente: de 24 integrantes do Conselho Nacional de Educação, apenas 4 são mulheres (16,6%).

Ou seja, na medida em que se avança rumo aos espaços que desfrutam de maior prestígio intelectual, como as universidades, ou às instâncias de maior poder decisório, a acachapante predominância feminina vai se desidratando até virar uma minoria espremida entre seus colegas homens.

A predominância masculina nas estruturas de poder está longe de ser um problema só da educação, muito menos exclusivamente brasileiro.

Mas nem por isso devemos naturalizar essa situação. Já é hora de as educadoras desse país terem condições de seguir estudando, se profissionalizando e ocuparem lugares de liderança. E o primeiro espaço a ser garantido é o uso qualificado da hora atividade, para o estudo, para o trabalho compartilhado das (os) professores, planejamento e acompanhamento das aprendizagens para melhoria da qualidade da educação.

Se o tempo é o recurso mais escasso na vida das mulheres hoje, dada a jornada dupla, ele é também indispensável para o desenvolvimento intelectual que a profissão exige. Professoras (e professores), coordenadoras(es) pedagógicas(os), diretoras(es) precisam ter condições para se desenvolverem profissionalmente. Condições são tempo e espaço, mas também acesso à informação, à educação digital e às tecnologias.

Com uma distribuição mais balanceada das oportunidades de ocupação dos postos de comando na educação e, facilitando a atuação para que haja maior mobilidade da base para o topo, certamente novos pontos de vista orientarão o futuro da educação brasileira.

Ao respeitar e reconhecer a enorme contribuição das mulheres na educação, assegurando a elas as condições de participar em todas as instâncias, podemos rapidamente ter uma ministra da educação.

1Informações extraídas dos sites do MEC, CNE, Consed e Relatório Education at a Glance 2021 – Destaques da OCDE para o Brasil

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