Agora o Índice de Oportunidades da Educação Brasileira (Ioeb) também pode ser acessado pelo QEdu, um importante portal de dados educacionais que está sob a gestão do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede). A informação foi anunciada ontem (27) pelo diretor do Iede, Ernesto Martins Faria, em uma live com a diretora-presidente da Roda Educativa, Tereza Perez.
Ernesto destacou o fato de o Ioeb conseguir balancear bem a relação entre insumos e resultados na educação e mostrou como o índice, que é gerido pela Roda Educativa, é apresentado no QEdu.
O Ioeb aparece na página de município/estado, onde a/o usuária/o tem um painel de diferentes indicadores, inclusive Ideb e Saeb, com uma representação gráfica que permite visualizar o intervalo de desigualdade entre o menor e o maior Ioeb do território, e a sua posição em relação às médias nacional e estadual (no caso dos municípios).
Abaixo o exemplo do município de São Paulo (imagem extraída do QEdu):
Na live “Avaliação educacional: por que combinar indicadores diversos?”, disponível no YouTube, Tereza Perez e Ernesto Martins discutiram a importância de se utilizar diferentes indicadores para uma avaliação mais abrangente do sistema educacional brasileiro.
Foi o último de uma série de três encontros on-line iniciada em julho, para colocar em debate o cenário das oportunidades educacionais à luz dos resultados do Ioeb 2023, divulgados no primeiro semestre deste ano. As transmissões, que foram realizadas na sede da Roda Educativa, em São Paulo, estão disponíveis no YouTube da Roda. A primeira “Ioeb: conheça melhor o índice das oportunidades educacionais” traz um panorama dos resultados e a segunda “O que o último Ioeb revela sobre o cenário educacional pós-pandemia” aprofunda seu funcionamento e potencial.
Na live de fechamento, Ernesto Martins reforçou a relevância do uso de indicadores diversos ao pontuar que o Brasil passou quase duas décadas sem revisar o Ideb, o que revela uma fragilidade no sistema de avaliação. Ele argumentou que o Ideb, embora tenha sido crucial para criar uma cultura de olhar para resultados, não é suficiente para abordar todas as demandas educacionais atuais, como o combate às desigualdades e a evasão escolar. Para ele, as avaliações brasileiras precisam ser revisadas, porque não exigem das/os estudantes o mesmo nível de fluência leitora e demanda cognitiva que se observa em avaliações internacionais, como o PIRLS.
“No Brasil, a lógica do Saeb é fragmentos de texto, tirinhas, você não vê ali um texto longo, um aluno que tem muita dificuldade de leitor e a avaliação não traz uma demanda cognitiva maior. Então acho que a gente tem que ter um olhar mais ambicioso nas nossas avaliações.”
Os dois concordaram que a avaliação educacional não pode se resumir a índices. Ernesto enfatizou que eles são importantes, mas não devem distorcer os objetivos educacionais; Tereza afirmou que sente falta de discutir o que queremos com a educação.
O diretor do Iede pontuou também que a avaliação deve ser mais ampla e envolver outros instrumentos, como questionários contextuais, conversas com estudantes e diagnósticos que possam nortear práticas pedagógicas e políticas educacionais que não se baseiem apenas em metas numéricas, mas também no entendimento das complexas realidades educacionais do país.
“Os indicadores são importantes, mas a gente nunca pode perder de vista o objetivo de por que eles existem. Às vezes a gente critica o Ideb e acha que ele tem fragilidades, mas também tem um lado nosso de garantir qual o objetivo que a gente quer”, afirmou Ernesto.
A live também trouxe à tona a reflexão sobre como a gestão educacional pode fazer uso desses diversos indicadores.
“Quando a gente enxerga a rede inteira, consegue identificar quais os territórios da minha região em que eu preciso investir mais, numa perspectiva de equidade. Então acho que ajuda, independentemente de ser o Ideb ou outro índice, eu acho que sempre o gestor tem que olhar para esse ‘mapão’”, enfatizou Tereza.