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14/07/2018

A Rússia para além dos gramados: Obras russas que são show de bola

A Rússia está no centro das atenções com a copa do mundo. Mas, aqui, na CE CEDAC, futebol não é muito nosso forte. Por isso, nossa equipe escalou alguns craques da poesia e da prosa desse país, tão rico culturalmente, para ajudar vocês a elegerem as leituras dessas férias:

– Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski (Indicação da coordenadora pedagógica Simone Azevedo)
A leitura de Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski, é sofrida e intensa, como o último jogo do Brasil neste mundial. Ao longo das mais de 500 páginas, o leitor vive toda a angústia psicológica do jovem Rodión Románovitch Raskólnikov, um ex-aluno brilhante que, por razões econômicas, não pôde mais estudar e passou a lutar para se manter na cidade de São Petersburgo.
Raskólnikov, então, desenvolve a teoria do “homem extraordinário” e baseando-se nela, mata a velha agiota Alyona Ivanovna, que lhe aluga um fétido quarto. E o que está por trás desse pensamento que guia seu raciocínio? Para ele o homem extraordinário é aquele que, pelo imenso valor que possui para a humanidade, tem o direito de passar por cima das leis morais para realizar aquilo que deseja. Esse homem está acima das leis que governam os demais mortais. Esse homem pode até matar.
Mas, aos poucos, Raskólnikov vai caindo numa ciranda de culpa e insanidade crescente que vai também atordoando o leitor. E foi isso o que aconteceu com a nossa coordenadora Simone Azevedo. “Passei páginas e páginas seguindo aqueles caminhos, acompanhando os longos diálogos da investigação, pensando sobre a roupa já sem cor que ele sempre usava e me perguntando: o crime sempre esteve claro, qual é o castigo?” Mas, a tortura vem da qualidade da obra e da habilidade do autor de fazer com o que leitor compartilhe da angústia e do personagem. A educadora recomenda: “vale a leitura para ver Raskólnikov conhecer o amor e iniciar sua regeneração moral”.

– Primeiro Amor, de Ivan Turguêniev (Indicação da formadora Elenice Rodrigues)
O livro se inicia com uma pergunta de um amigo ao narrador-personagem: Se ele se lembrava de seu primeiro amor. O narrador diz que só responde por escrito a esta pergunta. Apesar da contrariedade do amigo, diante da persistência do narrador, ele acabou aceitando a contraproposta. Daí em diante, sob o “manto”de conhecer o primeiro amor de um adolescente russo, o leitor se enfronha nos costumes e valores da Rússia da métade do século XIX, período dos Czáres. A relação familiar entre o jovem e seus pais evidenciam a rebeldia juvenil em confronto com o patriarcalismo da nobreza russa.

Dr. Jivago, Boris Pasternak (Indicação da equipe de Comunicação, com informações das resenhas da Cia das Letras e do jornal Estado de S. Paulo)
Publicado originalmente em 1957 fora da então União Soviética, após ser banido pela censura, Doutor Jivago é um dos mais importantes romances da Rússia pós-revolucionária.
Nele, o ganhador do Prêmio Nobel Boris Pasternak relata o drama e a imensidão da Revolução Russa através da história do médico e poeta Iúri Andréievitch Jivago em seu constante esforço de se colocar em consonância com a Revolução. Paralelamente, o médico se apaixona por Lara, jovem sofrida que ele conheceu enquanto ambos prestavam serviços durante a guerra. Iúri e Lara se encontram e desencontram no decorrer da obra, mostrando que o amor se mantém vivo mesmo em tempos tão conturbados.
“Se a ourivesaria poética de Doutor Jivago exalta, em cada uma de suas linhas/versos, a beleza que salvará o mundo, precisamos descobrir se o mundo – isto é, a história com a qual o romance se funde e se confunde – conseguirá salvar a beleza”, escreveu o Flávio Ricardo Vassoler, doutor em Letras, em resenha publicada no jornal O Estado de São Paulo.

– Noites Brancas, Fiódor Dostoiévski (Indicação da formadora Elenice Rodrigues)

Esse livro pertence ao gênero novela, ou seja, há poucos conflitos e personagens. O título faz menção às noites de verão, em que o Sol praticamente não se põe. O interessante é que a própria cidade de São Petesburgo vira a principal protagonista do livro devido à maneira como o narrador-personagem, o Sonhador, a apresenta. O leitor fica totalmente embebecido pelo amor puro e delicado que o Sonhador dedica à Nástienka, uma jovem que sofre por um amor antigo. O final inesperado reforça a cumplicidade do leitor com o narrador.

Antologia Poética, Anna Akhmatova (Indicação da equipe de Comunicação, com informações de resenha da L&PM )

Este volume reúne as mais importantes criações da poeta russa Anna Akhmátova (1889-1966) , incluindo “Poema sem herói”, que a mesma considerava o coroamento de sua obra. Escrito durante a Segunda Guerra Mundial, este carrega a marca do sofrimento que foi a vida de Anna. Perseguida pelas autoridades stalinistas, que a proibiram de publicar seus escritos, ela teve que enfrentar o fuzilamento do primeiro marido, a morte do terceiro num campo de concentração e a angústia de ver o filho preso. Sem sombra de dúvida, Akhmátova deu vida a um dos maiores testemunhos literários do sofrimento individual sob a opressão política.

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