Com gestão feita pela Roda Educativa (antiga Comunidade Educativa CEDAC), a 5ª edição do Ioeb apresenta os resultados da análise que considera as oportunidades educacionais ofertadas nos municípios e estados brasileiros a fim de garantir melhores condições para o sucesso educacional das crianças e jovens que lá vivem.
O índice amplia o olhar e as perspectivas educacionais para além das redes de ensino e contempla o território como um conjunto de instâncias que proporcionam mais ou menos oportunidades educacionais. De acordo com a diretora-presidente da Roda Educativa, Tereza Perez: “podemos pensar nele como um provocador de articulações intersetoriais e institucionais que se corresponsabilizam pela educação”.
A edição 2023 do Ioeb foi calculada a partir de indicadores educacionais recentes, entre eles Censo Escolar 2021, Saeb 2021 e IBGE 2021, analisando como as oportunidades educacionais se diferenciam em cada território. Para isso, o índice analisa não só os resultados de aprendizagem dos estudantes, mas também os insumos, ou seja, condições da política educacional para favorecer tais aprendizagens.
Índice não oficial e independente, o Ioeb é calculado pela Metas Sociais. A cada edição, realizamos análises, com a parceria da Conhecimento Social, visando identificar tendências e sinalizar para municípios e estados como estão em relação à sua própria trajetória e em relação à mediana nacional para que possam pensar em caminhos para avançar na ampliação de oportunidades.
Desenvolvemos uma classificação em quadrantes, que considera o valor do Ioeb e a sua evolução/involução na série histórica, como uma alternativa à classificação tradicional do ranking, que acreditamos restringir o debate a “quem está primeiro e quem está por último”.
Consulte os dados do Ioeb 2023 em www.ioeb.org.br. O índice está disponível para a maioria dos municípios brasileiros (4.367 dos 5.570), incluindo as 26 capitais, além de todos os estados e o Distrito Federal.
No cálculo geral do Brasil, o Ioeb teve uma pequena variação no período, passando de 5,0 na edição 2021 para 5,1 em 2023. Há também uma queda no ritmo de crescimento do indicador: a variação positiva no quadriênio 2019-23 (4,3%) é menor que a observada no quadriênio anterior 2017-21 (8,9%). “Grosso modo, podemos dizer que, com o Ioeb nacional em 5,1, o país está oferecendo metade do que é necessário para garantir as oportunidades de educação”, explica Tereza.
De acordo com a diretora-presidente da Roda Educativa, a queda na variação possivelmente tem relação com a crise provocada pela pandemia da Covid-19. No entanto, é preciso observar também que muitos municípios e estados mantiveram a evolução mesmo assim, o que pode sinalizar o esforço das políticas públicas educacionais, mas também intersetoriais. “Na edição anterior do Ioeb, de 2021, tínhamos um cenário que ainda não refletia a pandemia. O índice de 2023 inclui uma fotografia da Covid-19 na educação, as grandes desigualdades que já existiam foram acentuadas desde então”, diz.
Os resultados da 5ª edição precisam, portanto, ser analisados por meio de lentes que considerem o período adverso que ele representa. E, ainda assim, que possa mobilizar discussões sobre como ampliar as oportunidades educacionais em todos os territórios, pois a educação é feita, sobretudo, de pessoas. Profissionais que dialogam entre si, elaboram processos, metodologias, aprimoram fluxos de comunicação e formam-se continuamente. Cidadãos que buscam compreender seus direitos e mobilizam-se para que a escola seja tudo o que ela pode ser. E estudantes que podem aprender de diferentes formas, participar da vida escolar e transformar desde já suas vidas.
É importante considerar ainda que não existe uma receita única para melhorar as oportunidades educacionais, cada localidade deve olhar para seus contexto e buscar soluções intersetoriais para oferecer um ambiente socioeducacional mais propício para a sua população. O Ioeb oferece uma ferramenta de diagnóstico para apoiar um exercício conjunto e intersetorial do poder público e sociedade civil para identificar caminhos para ampliar as oportunidades.
Foto: Paulo Baroukh